segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

VIZINHO DO PAPAI NOEL



“Perdão é quando o Natal acontece em outra época do ano.”
(Adriana Falcão, 1960, roteirista e escritora brasileira)
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Imagine-se vizinho do Papai Noel. Você abre a janela, ao acordar, e se depara com as roupas vermelhas do velhinho penduradas na corda, lavadas para o uso intenso no período natalino.
       As renas estão gordas e bem cuidadas, pastando num sítio próximo, que Noel aluga ou é proprietário. Todos os dias, ele as alimenta, conversa com elas, afinal, não se concebe que alguém tão amado pelas crianças seja mau para os animais.
    Enquanto o vizinho da frente extravasa um som alto de mau gosto, o Papai Noel não perturba os vizinhos com suas canções, mesmo quando canta juntamente com elas, no aparelho instalado no trenó.
     Você vai à feira e lá estão Papai Noel e Mamãe Noel, seus vizinhos, com suas sacolas ecológicas vermelhas, afinal quem é tanto admirado pelas crianças deve dar bons exemplos de sustentabilidade.
Você não quer ser um vizinho inconveniente mas não suporta a vontade de conversar  mais com ele, de contemplar seu jeito calmo, a presença benfazeja.
      Então, dirige-se até sua porta. Antes de bater, percebe que ela está entreaberta. Pela fresta consegue ver Papai Noel e Mamãe Noel que, juntos, leem a Bíblia em voz alta, bem naquela parte que fala de um menino muito aguardado, nascido numa estrebaria, aquecido pela respiração de ovelhas e cavalos.
                Você não diz nada porque aquela cena é o maior presente que seu vizinho poderia lhe dar.

                Piratini, dezembro de 2012.

                JUAREZ MACHADO DE FARIAS
Advogado.Radialista.

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