
Mary
Ward veio de uma família de cientistas muito respeitados – seu primo, William
Parsons, foi o homem que construiu o maior telescópio do mundo até 1917. Mary
era uma artista talentosa e tinha predileção pelo desenho de insetos, que eram
reproduzidos com tamanha atenção aos detalhes que ela chegava a usar uma lupa
para observá-los. Um astrônomo amigo de seu pai conheceu seu trabalho e o
convenceu de que ela precisaria de um microscópio. Seu pai comprou um a ela, e
enquanto seu primo observava a imensidão infinita através das lentes, Mary
voltava as suas a um mundo muito menor e finito.
Ela
adorou a microscopia, e fez suas próprias lâminas de marfim. Como a maioria das
universidades da época não aceitava mulheres, ela escrevia diretamente aos
cientistas e acabou tornando-se a única mulher na lista de correspondência da
Royal Astronomical Society. Ao ver a necessidade de uma publicação bem
ilustrada sobre microscopia, ela escreveu e ilustrou o seu próprio livro,
publicando as primeiras 250 cópias por conta própria. Depois de vender toda a
tiragem, uma editora de Londres publicou o livro, editado até 1880.
Vamos
parar por um instante para entender melhor essa história. As universidades não
aceitavam mulheres na época. Tudo o que ela aprendeu, foi por conta própria ou
por correspondência com os próprios cientistas. Ela publicou um livro por conta
própria por que não tinha formação e era uma mulher – duas faltas graves para a
comunidade acadêmica da época. Essa mulher sabia muito sobre ciência, mas
aparentemente não sabia o que significa “parar”.

Os
carros a vapor daquela época eram rudimentares, pesados (mais de 14 toneladas)
e desajeitados, especialmente um feito em casa, como o que os Parsons haviam
construído. Durante a viagem, consta que em uma curva mais rápida, Mary foi
jogada para fora do carro e acabou sob suas rodas. Suas pesadas rodas de ferro.
Mary
morreu na hora ao quebrar o pescoço. Apesar de alguém ter que ser o primeiro,
foi lamentável que tenha sido alguém tão especial, que deveria ser lembrada por
sua arte e ciência, mas que infelizmente agora é lembrada apenas como a
primeira vítima a morrer em um acidente de carro.
Crédito
das imagens: Wikipedia, Irish Scientists, Ladies In Laboratory (livro), Cabinet
Magazine
Fonte:
Rogerio S Lucas.
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