sexta-feira, 19 de outubro de 2012

OUTUBRO, ANO DE 1923, FAZENDA EUCALIPTO.


O dia Quartoze de Outubro deve ter sido vivido pela maioria dos Piratinienses como um dia qualquer,pois poucos conhecem o significado que tem esse dia na história do município.
O Capitão Olépé (Oleto Pereira) começa o seu livro "O Soluçar da Figueira" relatando: "E ainda com o coração debruçado lá na cordilheira das Asperezas,onde Zeca Neto impunhara o fuzil da liberdade,numa arrancada de ferro e fogo por esse Rio Grande indomável,que farei deslizar diante dos olhos dessa inteligência amiga,a escaramuça de paz que fizemos naquele rincão,revendo o pago e estrangulando a saudade!"
Acontecia há exatamente oitenta e nove anos atrás,na manhã de 14 de Outubro de mil novecentos e vinte e três na Serra das Asperezas,Segundo Subdistrito de Piratini-RS,na Fazenda do Eucalípto,também chamada Fazenda do Marcelino,de propriedade de Franklin Marcelino de Souza cônjuge da Vereadora Celina Feira de Souza.
O confronto entre as forças de José Antônio Mattos Netto (Zeca Netto) e do Coronel Juvêncio Lemos.
As forças de Zeca Netto,enfrentaram, sob a proteção de uma cerca de pedra na cordilheira da Serra das Asperezas,o Coronel Juvêncio Lemos,que acampado na sede da Fazenda, protegia-se na cerca de pedras do mangueirão que ficava ao lado do galpão que tinha na frente uma grande figueira que serviu de abrigo aos bravos guerreiros e que ainda existe guardando segredos e balas daqueles momentos de coragem e bravura.O General Zeca Netto, sem perder o objetivo – atacar Pelotas,rompeu o contato em direção a Sanga da Olaria,Segundo Subdistrito de Piratini,onde acampou.Depois de passados quinze dias Zeca Netto atingiu seu objetivo,numa Segunda-Feira,Vinte e Nove de Outubro,ataca de surpresa Pelotas e mantem-a sob seu controle por cerca de seis horas.
Coronel Juvêncio Lemos teve três baixas nesse combate,os três provisórios estão sepultados próximos à sede da antiga Fazenda,a sepultara é chamada de "bundinhas",não sabemos a origem do nome,local onde moradores da localidade pagam promessas acendendo velas em memória dos guerrelheiros.O Capitão Olépé (Oleto Pereira) em seu livro "O Soluçar da Figueira"escrito em Setembro de 1946 relata o seguinte: "No dia seguinte,quando o orvalho ainda repousava sobre a cova rasa daqueles três provisórios que tombaram na manhã de quartoze de Outubro de Vinte e Três,numa batalha em que a casa fora a trincheira de Juvêncio Lemos e sua gente,fomos levar a nossa prece aos bravos desconhecidos que tingiram com seu sangue aquele pedaço de terra num drama de liberdade e morte,cujo episódio marcou páginas de glória à mulher gaúcha,pois tia Celina,aquela velhota ativa e destemida dirigira o serviço de alimentação ao adversário audaz que se entrecheirara em sua casa sob o fogo feroz de Zeca Neto ali da cordilheira vizinha."Um outro provisório está sepultado num banhado um pouco mais distante da sede da Fazenda o que não garente que fosse da força de Juvêncio Lemos podendo ser baixa das tropas do Zeca Netto.
Neri Feira de Souza filho de Franklin Marcelino de Souza com os seus quinze anos de idade sentiu na pele o drama dos combates de Vinte e Três,ele à noite sentado na beira do fogão à lenha contava,aos seus netos,que os soldados chegavam nas fazendas pediam abrigo e comida, levavam o que podiam, mantimentos, arreios, inclusive os cavalos. Ficavam nos galpões por um tempo e depois partiam.
Muitos mitos foram criados sobre esse combate na Serra das Asperezas,porém,poucos registros.Conta-se que uma das forças teria deixado armas enterradas no banhado que fica no outro lado da Serra,na beira da estrada,hoje propriedade de Nildê Souza,neta de Franklin Marcelino de Souza.
Fala-se ainda que Zeca Netto teria preparado uma emboscada,o que era bem típico de Zeca Netto,contra o inimigo colocando "espantalhos" como se fossem soldados em cima da cerca de pedras,quando as forças de Juvêncio Lemos avistaram os "falso soldados",preparando-se para alvejá-los,foram surpreendidos pela a tropa de Zeca Netto que com disparos precisos atingiram de forma fatal três provisórios,de Juvêncio Lemos,que tombaram na terra fria do pátio da Fazenda.
Esta matéria é fundamentada em relatos de moradores da localidade e em pesquisas realizadas: nos blogs prosagalponeira.blogspot.com e Bagé-A nossa Rainha da Fronteira;no Informativo os Guararapes;no livro,Soluçar da Figueira,que você não irá encontrar em livrarias e bibliotecas por se tratar de um regalo que o Capitão Oleto Pereira ofereceu aos seus parentes próximos.
Rogerio S. Lucas

Nenhum comentário: